ATA DA DÉCIMA NONA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 27-6-2002.
Aos vinte e sete dias do mês de junho do ano dois
mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a
Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e vinte e nove minutos,
constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear os panificadores, nos
termos do Requerimento n° 069/02 (Processo nº 1533/02) de autoria do Vereador
Ervino Besson. Compuseram a MESA: o Vereador João Carlos Nedel, 1° Secretário
da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; o Senhor Arildo
Benech de Oliveira, Presidente do Sindicato dos Panificadores; o Deputado
Estadual Cézar Busatto, representante da Assembléia Legislativa do Estado do
Rio Grande do Sul; o Senhor José Augusto Amatneeks, representante da Prefeitura
Municipal de Porto Alegre. Também, foi registrada a presença do Major
Florivaldo Damaceno, Comandante do Batalhão Ambiental da Brigada Militar. A
seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do
Hino Nacional e, em continuidade, concedeu a palavra aos Vereadores que
falariam em nome da Casa. O Vereador Ervino Besson, em nome das Bancadas do PDT
e PSB, justificou os motivos que levaram Sua Excelência a propor a realização
da presente solenidade em homenagem aos panificadores, destacando o trabalho
desenvolvido por essa categoria profissional e salientando a necessidade da
adoção de medidas públicas que garantam o acesso de todas as camadas da
população a condições mínimas de alimentação. A Vereadora Maria Celeste, em
nome das Bancadas do PT e PC do B, discorreu sobre o contexto histórico que
levou à instituição do dia oito de julho como Dia do Padeiro, ressaltando ser
Santa Isabel a padroeira dessa categoria profissional e historiando a evolução
do preparo e dos ingredientes utilizados na produção do pão e à instalação de
padarias, especialmente entre os povos da Antigüidade. O Vereador Cassiá
Carpes, em nome da Bancada do PTB, dissertou sobre as políticas atualmente
adotadas quanto à produção e importação de trigo pelo Brasil, cumprimentando os
panificadores pela relevância do trabalho por eles desenvolvido e registrando a
aprovação do Projeto de Lei do Legislativo n° 292/01, de autoria do Vereador
Ervino Besson, que institui o Dia do Panificador em Porto Alegre. A Vereadora
Clênia Maranhão, em nome da Bancada do PPS, mencionou as referências históricas
e bíblicas atinentes à presença do pão na alimentação humana, destacando a
dedicação e a perseverança sempre demonstrados por esses profissionais frente
às adversidades inerentes aos seus empreendimentos e enaltecendo a iniciativa
do Vereador Ervino Besson, no sentido de propor a realização da presente
solenidade. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou o recebimento de correspondência
alusiva à presente Sessão Solene, enviada pelo Vereador Elói Antônio Besson, do
PMDB do Município de Portão - RS - e, após, foi dada continuidade às
manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da
Bancada do PFL, externou sua satisfação em participar da homenagem hoje
prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre aos panificadores, tecendo
considerações sobre a evolução das técnicas e dos equipamentos utilizados nas
atividades de panificação e confeitaria, dos tempos bíblicos até os dias
atuais, o que resultou em alimentos mais saudáveis e nutritivos. O Vereador
João Carlos Nedel, em nome da Bancada do PPB, comentou aspectos alusivos ao
significado expresso pelo pão nas culturas judaico-cristãs, salientando a
essencialidade desse alimento na dieta dos brasileiros e analisando dados
estatísticos atinentes às atividades desenvolvidas pelos panificadores no Brasil,
especialmente no que tange ao número de padarias atualmente existentes no Rio
Grande do Sul. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou o recebimento de
correspondência alusiva à presente solenidade, enviada pelo Deputado Estadual
Ciro Simoni e, após, concedeu a palavra ao Senhor Arildo Benech de Oliveira,
que agradeceu a homenagem hoje prestada por este Legislativo aos panificadores
e procedeu à entrega, às Senhoras Silvane e Elisabeth Armani, do prêmio
"Panificadoras do Ano de Porto Alegre". Em prosseguimento, o Senhor
Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino
Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e
declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e quarenta e cinco minutos,
convidando os presentes para coquetel a ser oferecido no Espaço Cultural Teresa
Franco e convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à
hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores João Carlos
Nedel e Ervino Besson e secretariados pelo Vereador Ervino Besson, como
Secretário "ad hoc". Do que eu, Ervino Besson, Secretário "ad
hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1° Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Senhoras e senhores, sejam todos muito
bem-vindos. Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a
homenagear os Panificadores.
Compõem
a Mesa o Sr. Arildo Benech de Oliveira, Presidente do Sindicato dos
Panificadores; Dep. Cézar Busatto, representante da Assembléia Legislativa do
Estado do Rio Grande do Sul; Sr. José Augusto Amatneeks, representante da
Prefeitura Municipal de Porto Alegre; Major Florivaldo Damaceno, Comandante do
Batalhão Ambiental da Brigada Militar.
Convidamos
todos os presentes para, em pé, ouvir o Hino Nacional.
(Ouve-se o Hino Nacional.)
O Ver. Ervino Besson, do PDT, proponente desta Sessão, está
com a palavra e falará também pela Bancada do PSB.
O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Sr.ªs
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Em nome do nosso pão de cada dia, entramos no chamado século das
contradições. Temos tecnologias para desembarcar em Marte; temos a clonagem;
temos a informática; temos a Internet e a tão falada globalização, que é uma
das questões econômicas e sociais mais discutidas atualmente. Porém, muitos de
nossos irmãos, em vários cantos do mundo, continuam a ver passar, ao longe, o
navio da prosperidade, afundados até o pescoço num mar de misérias.
Bombardeamos
átomos para nos livrar dos males antes sem cura. Modificamos células, genes,
DNAs, como deuses transgênicos em busca do paraíso da fartura, imortal e sem
pragas; mas, ao mesmo tempo, só conseguimos que uns poucos de nós engordemos em
excesso, enquanto uma paralisada maioria exibe ao vivo e em cores a sua
esqualidez, a sua desesperança, a sua fome.
Dentro
desse contexto, o Brasil é um País que detém estas duas características.
Possuímos um setor da sociedade que se mostra altamente desenvolvido, porém, em
razão da precária distribuição de renda, que assola o nosso País, a grande
maioria da população encontra-se em uma situação de extrema pobreza.
É
necessário e urgente retirar dos nossos olhos, dos olhos dos que têm ao menos
uma família, uma ínfima parcela de poder sobre o destino dos outros seres
humanos, esta venda que nos tapa a visão e deixa escapar soluções, às vezes, as
mais simples.
A
necessidade que tem o brasileiro de comer mais pão é uma dessas gritantes, espantosas
realidades, a qual ninguém parece dar importância. E, no entanto, senhores
técnicos formuladores de programas sociais, senhores governantes, senhores
políticos, é necessário pôr mais pão na mesa do brasileiro, sim! Mais pão na
mesa dos brasileiros. Por isso, senhores, não me cansei nunca de repetir
algumas dessas verdades para as quais poucos atentam.
A
Organização Mundial de Saúde estabelece que cada pessoa deve, no mínimo,
consumir 60kg de pão por ano, ou seja, pelo menos três pãezinhos de 50g por
dia. Os senhores sabem quanto de pão consumimos hoje no Brasil? Consumimos
menos do que a metade do que é recomendado pela OMS. Estamos longe de nossos
vizinhos, como Chile e Paraguai. É possível que esse descaso com a realidade
tão perversa se dê porque uma campanha insidiosa insiste em dizer que o pão
engorda e que faz mal. Coisa nenhuma! Pão é fonte de energia, pão é fonte de
saúde, pão é fonte de vida.
Dentre
as fontes de carboidratos, o pão é o alimento mais acessível, mais atraente
para as crianças, já está pronto, disponível nas padarias, nas esquinas de todo
o Brasil. Não exige embalagem, não requer que o consumidor tenha equipamentos,
que se dê o trabalho de cozimento, é um produto simples e barato. O pão pode
ser o veículo ideal para carregar outros nutrientes necessários à alimentação
do brasileiro, com sais minerais e vitaminas. O que falta então? Falta ação,
falta vontade de pôr o pão na mesa do consumidor, na marmita do trabalhador, na
merenda escolar.
Os
senhores sabem que existe uma Lei Municipal de n.º 8.563, de junho de 2000, de
autoria do nobre colega Ver. Reginaldo Pujol, obrigando o Município de Porto
Alegre a servir pão vitaminado nas escolas, que contenha vitaminas, complexo B
e ferro; Lei esta que não é cumprida pelo Município de Porto Alegre. Pois,
hoje, nas escolas municipais, o pão é servido somente uma vez por semana e não
é o pão vitaminado.
O próprio Governo já provou que as crianças vão à escola
para comer antes de ir para estudar. Faltam programas que possibilitem isso.
Não existe nada que possa estar mais ligado à comunidade, não existe nada mais
solidário que o pão nosso de cada dia.
Por isso, senhoras e senhores, é com grande orgulho que
venho a esta tribuna neste momento para comunicar-lhes que, por proposta deste
Vereador e com o apoio de todos os colegas, Vereadores desta Casa, aprovamos um
Projeto oficializando o dia 8 de julho como o Dia do Panificador no município
de Porto Alegre, Lei n.º 8.888 de 8 de Abril de 2002. Esta homenagem também é
pela importância econômica, social e religiosa desta categoria, mas,
principalmente, porque, quando Cristo, há 2000 anos, disse que o pão
representava o seu corpo, ele já imaginava que, nos dias de hoje, teria que
designar pessoas tão nobres, como os senhores, produzindo e distribuindo o pão
nosso de cada dia para nossos irmãos da nossa Porto Alegre, do nosso Estado e
do nosso País.
Ao encerrar, gostaria de abraçar cada um de vocês, meus
queridos amigos panificadores desta Cidade.
Senhores,
ao finalizar este meu discurso peço que não batam palmas para este Vereador.
Pediria a todos que aplaudissem de pé, com muita força, primeiro, a diretoria
do Sindicato da Indústria de Panificação do Estado do Rio Grande do Sul, na
pessoa do seu Presidente Arildo Benech de Oliveira e de sua equipe, pelo grande
trabalho, pela luta do dia-a-dia que eles representam na defesa dos
panificadores do Estado do Rio Grande do Sul e também os panificadores da nossa
Cidade, do nosso Rio Grande do Sul e de nosso País. Em pé, por favor. (Palmas.)
Sr. Presidente, pediria mais um minuto, sei que já
ultrapassei o tempo, mas gostaria também, neste momento tão glorioso para o
nosso País, para o nosso Brasil, que nós, aqui, em pé, aplaudíssemos a nossa
Seleção Brasileira e o seu grande comandante, o Felipão, e pedirmos ao nosso
Protetor lá de cima que os proteja para que, no domingo, às 10h, quando
terminar o jogo, que esse nosso povo brasileiro sofredor, quando o nosso colega
Ver. Haroldo de Souza e demais colegas gritarem: ”O Brasil é o Campeão do
Mundo!”, que o nosso povo também possa gritar de alegria. Estaremos de alma
lavada. Vamos aplaudir. (Palmas.) Muito obrigado pela atenção de todos, meus
queridos amigos, colegas panificadores. Vocês sabem que dentro do meu peito
levo cada um de vocês. Vida longa, muita saúde e muita paz para todos. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra
e falará em nome do PT e do PC do B.
A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúde os
componentes da Mesa e demais presentes.) Gostaria, neste momento em que
homenageamos a profissão do padeiro, de relembrar a origem desta data, que tem
a sua tradição marcada pelo catolicismo. O Dia do Padeiro foi instituído - e
hoje o Ver. Ervino Besson está dizendo que vai protocolar um Projeto nesse
sentido -, em 1955, dia 08 de julho, uma data dedicada a Santa Isabel.
Poderíamos perguntar o que tem a ver 08 de julho e a Santa? Consta que, no ano
de 1333, em Portugal, houve uma fome terrível, durante a qual nem os ricos eram
poupados. Reinava então Dom Diniz, casado com Dona Isabel, uma rainha cheia de
bondade. Para aliviar a situação de fome, ela empenhou as suas jóias e mandou
vir trigo de lugares distantes para abastecer o celeiro real e assim manter o
seu costume da distribuição de pão aos pobres durante as crises. Num desses
dias de distribuição, apareceu inesperadamente o rei; temendo a censura, ela
escondeu os pães no seu avental. O rei, furioso, perguntou o que ela estava
levando ali, ao que ela respondeu que eram apenas rosas. O rei, replicando,
disse: “Rosas em janeiro? Deixai que eu as veja e aspire o seu perfume.” A
rainha então abriu os braços e no chão, para pasmo geral, caíram rosas frescas,
perfumadas, as mais belas até então vistas. O rei não se conteve, beijou as
mãos da esposa, retirando-se enquanto todos os pobres gritavam: “Milagre!
Milagre!” Santa Isabel tornou-se a Padroeira dos Panificadores, sendo o seu dia
comemorado em 8 de julho.
Cabe-nos
também refletir sobre a importância desse alimento ao longo de toda a história
da humanidade. Milhares de anos antes de Cristo já se utilizava o pão como
alimento. Antes de se utilizar para fazer o pão, a farinha de diversos cereais
era usada na preparação de sopas e mingaus. Depois, se passou a adicionar à
farinha outros ingredientes, formando-se bolos, que teriam então precedido o
pão. Na antigüidade, tanto os deuses como os mortos, quer sejam egípcios,
gregos ou romanos, eram honrados com oferendas de animais e flores em massa de
pão. Era comum também entre os egípcios e os romanos a distribuição de pães aos
soldados, como complemento de soldo, costume que perdurou até a Idade Média. O
pão foi levado para a Europa pelos gregos. No Império Romano, a princípio, era
feito em casa para o consumo da família. Após, passou a ser fabricado em
padarias públicas, dando assim origem aos primeiros padeiros. Com a queda do
Império Romano e da organização por ele imposta ao mundo, as padarias
desapareceram, retornando então a fabricação doméstica do pão. Assim, pela
comodidade, o pão voltou a ser fabricado sem fermento e achatado. Embora
existissem fornos e moinhos, o sistema feudal permitia somente o uso para
consumo próprio. Foi somente com a invenção de novos processos de moagem da
farinha que a indústria da panificação teve o seu real desenvolvimento.
No
ano de 1881, ocorreu a invenção dos cilindros, que muito contribuiu para o
aprimoramento na produção do pão. Segundo o antropólogo Gilberto Freire,
falecido em 1987, o Brasil só conheceu o pão no século XIX. Antes do pão se
usava apenas o beiju da tapioca, a farofa, o pirão escaldado, ou a massa de
farinha de mandioca feita no caldo de peixe ou de carne. Então, a atividade de
panificação no Brasil se expandiu com os imigrantes italianos. E foi com eles que
nos grandes centros, principalmente em São Paulo, se instalaram e proliferaram.
O
pão permeia toda a história do homem, principalmente o seu lado religioso. O
Ver. Ervino Besson já salientava isso. Ele foi sublimado na multiplicação dos
pães, na Santa Ceia. E até hoje simboliza a fé. E é o símbolo da vida, alimento
do corpo e da alma, símbolo da partilha.
Nos
dias atuais, o simbolismo está cada vez mais presente. Assim como no ano de
1333, em Portugal, que sofreu com uma grave crise de fome, hoje a questão
perdura de forma mais drástica, porque atinge o mundo inteiro. São, nada mais,
nada menos, do que vinte e quatro mil pessoas mortas por dia por não terem o
que comer, no mundo. Além de oitocentos e vinte e seis milhões de homens e
mulheres, que, neste momento, enquanto realizamos esta homenagem, estão
passando fome.
Então,
senhores e senhoras, como cidadão, como cidadã, não podemos ficar indiferentes
a esta situação. Este momento de homenagem serve também para que possamos
resgatar um pouquinho do que há em nós da solidariedade e da doação da Santa
Isabel.
A
todos aqueles trabalhadores e trabalhadoras da cidade de Porto Alegre que, por
meio de suas mãos, produzem esse alimento, que possui uma simbologia ímpar para
a humanidade, recebam os nossos cumprimentos pelo seu dia, e a nossa homenagem.
Parabéns a todos. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra,
e falará pelo PTB.
O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Lembro-me de quando morava na minha
cidade, São Borja, que São Borja era a “Capital do Trigo” no Brasil. Colhia
dois milhões e duzentos mil sacos de trigo. Naquela época, era uma realidade.
Entravam, se não me engano, mil e cem caminhões - que era na base de caminhões
- de trigo; era uma fartura. Hoje, pelo que sei, nós importamos o trigo,
principalmente a farinha e o trigo da Argentina. Isso mostra a dificuldade que
os senhores, que as senhoras e seus familiares têm, porque me parece que as
panificadoras representam nos seus bairros, nas suas famílias, uma forma de
sobrevivência e também essa é uma profissão, no meu entender, nobre, porque
vocês passam, a partir de algum momento, a ser os mestres que vão servir a
comunidade com o pão de cada dia, até com criatividade para levar às nossas
mesas esse pão tão importante.
O
Ver. Ervino Besson falou aqui em Copa do Mundo e parece que até o horário
contribuiu para que nós e nossos familiares, de manhã... Inclusive na
oportunidade da vitória contra a Turquia, lá onde eu moro, nós nos reunimos na
minha casa. Nós fizemos assim: cada jogo na casa de um vizinho, em que nós
pudéssemos ter o pão, o pão que os senhores, as senhoras, os seus familiares
produzem à sociedade, e, com ele, confraternizar e vibrar com mais uma vitória
da nossa Seleção, e o horário contribuiu para que nós pudéssemos ali estar
unidos, cedo, de manhã, num momento nobre e gratificante para nós todos, sempre
sabendo que isso tinha uma profundidade enorme.
Portanto,
eu quero, em nome do Partido Trabalhista Brasileiro, em meu nome, em nome do
Ver. Elói Guimarães, congratular-me com essa homenagem, felicitando-os, e
entendendo que a sua profissão, uma profissão familiar, dignificante, realmente
vem, nesta Casa, sendo valorizada por meio do Projeto do Ver. Ervino Besson e
da correspondência dos trinta e três Vereadores como a data de 08 de julho, uma
data em que nós temos a maior satisfação em nos fazermos presentes para que
possamos, junto com vocês, ter a gratificação de valorizá-los, de apoiá-los e
de trazer aqui o abraço da Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro para que
vocês possam sentir dos Vereadores a nossa homenagem. Parabéns a todos os
familiares, aos proprietários, ao funcionários e a todos aqueles que contribuem
para essa nobre profissão. Muito obrigado e um abraço a todos. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a
palavra e falará pela Bancada do PPS.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs
Vereadoras. (Saúda o componente da Mesa e demais presentes.) Em nosso
pronunciamento, poderíamos falar do significado histórico e religioso do pão,
lembrando a Eucaristia, quando Cristo afirmou: “Este é o meu corpo.” Poderíamos
também, nesta oportunidade, lembrar a metáfora de Cristo: “Eu sou o pão da
vida” ou então a passagem, quando, no Paraíso, Deus falou: “Tu ganharás o pão
com o suor do teu rosto.” Mas esses significados, essas analogias, seguramente,
as senhoras e os senhores conhecem muito mais do que nós, Vereadores, que
ocupamos a quase totalidade dos nossos dias nas lutas diárias desta Casa.
Então,
pensei que poderíamos, nesta oportunidade, falar na importância do setor na
economia do nosso Estado, do nosso País, mas aí fiquei pensado: ninguém mais do
que os panificadores para conhecerem a importância econômica do setor da
panificação do nosso Estado. Então pensei que poderíamos falar da modernização
do setor, dos avanços conquistados com o programa de qualidade, com os
treinamentos, ou do magnífico desempenho da gestão da direção do Sindicato.
Mas, também isso, vocês sabem mais do que nós. E sabem muito mais do que nós,
porque isso vocês constroem conjuntamente com o Sindicato. Então, me restou
apenas parabenizar e agradecer ao Ver. Ervino Besson, que tem sido, nesta Casa,
um representante dos panificadores, não porque defenda os interesses da
categoria nos seus discursos, mas porque o Ver. Ervino tem aquela
característica da coisa coletiva, do trabalho conjunto, familiar, que acho que
é muito típico da família dos panificadores.
Então,
eu queria parabenizar, neste momento, o Ver. Ervino Besson, por esta Sessão,
pela possibilidade que ele tem-nos dado de, todos os anos, nos encontrarmos.
Porque, como diz o Chico Buarque, na sua música, quando se refere ao quotidiano
atribulado das pessoas: “Olá, como vai? Tudo bem? Eu vou indo. E você? E me
perdoe a pressa, sou a alma dos nossos negócios, qual não sei por quê.” E a
vida da gente é um pouco isso, é a alma dos nossos negócios que, a gente nem
sabe por que, que faz com que a gente tenha tão pouco tempo para encontrar os
amigos.
Então,
a Sessão desta Casa, proposta pelo Ver. Ervino Besson, contrariou a música do
Chico Buarque. Ela, apesar dos nossos negócios, nós sabemos o motivo, porque
temos amigos e, todos os anos, marcamos este encontro, comemorando,
confraternizando e colocando mais próxima a Câmara de Porto Alegre da
sociedade.
Então,
eu queria apenas, por último, cumprimentando o Vereador, cumprimentando o
Sindicato e todos os presentes, dizer que, neste momento, o pão, para nós, tem
um significado bem especial nesta conjuntura, porque todos nós, os brasileiros,
da torcida “coruja”, temos nos valido como nunca da companhia do pãozinho
quente para torcer pela vitória do Brasil. E temos conseguido.
E,
Arildo, seguramente, neste domingo, o pão será a nossa grande companhia para
comemorar a vitória do Brasil na Copa do Mundo! Muito obrigada. (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Recebemos da Câmara Muncipal de Portão a
seguinte manifestação: (Lê.) “É com a maior satisfação que acuso o recebimento
do convite para a Sessão Solene em homenagem aos panificadores e parabenizo o
Ver. Ervino Besson por esta proposta. Mas, infelizmente, este Vereador não
poderá prestigiar essa bela Sessão Solene, porque coincide com a Sessão
Ordinária da Câmara Municipal de Portão, que é realizada todas às
quintas-feiras, às 19h. Mas transmito todo o meu reconhecimento aos
panificadores, desejando êxito e sucesso na condução dos seus trabalhos, e que
Deus continue lhes abençoando. ‘Pão de graça é peso morto, acarreta mais
pobreza; pão suado traz conforto, traz fartura em nossa mesa.’ Atenciosamente,
Vereador do PMDB, Elói Antônio Besson.”
O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra e falará pela Bancada do PFL.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente em exercício Ver. João
Carlos Nedel e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da mesa e demais
presentes.) Com toda certeza, os últimos dias têm mexido com as nossas emoções,
ocasionando algumas conseqüências. Não sei se debito à mudança do tempo, à
vibração com o Felipão ou a alguns cigarrinhos a mais, mas sei que hoje eu
estaria impedido de estar aqui na Câmara Municipal por recomendação médica. Mas
não relutei em, mais uma vez, ceder às emoções e aos sentimentos e contrariar a
determinação médica, que me recomendava uma licença cautelar de pelo menos
quarenta e oito horas. Posterguei essa licença para o dia de amanhã para poder
estar hoje aqui abraçando especialmente o Arildo, e, nele, a categoria dos
panificadores de Porto Alegre, e o Ver. Ervino Besson, que promoveu, mais uma
vez, este encontro feliz, do qual já nos falou a nossa prezada companheira de
representação popular, a Ver.ª Clênia Maranhão.
De
fato, eu me sinto muito à vontade em participar desta solenidade, que, por
algum tempo, convoquei, antes de termos aqui esta figura identificada com a
categoria, grande liderança, que, tranqüilamente, nos tem assegurado a
possibilidade de que este momento, que marca o Dia do Panificador, não
transcorra sem que o Legislativo da Cidade faça as justas homenagens que a
categoria está a merecer. De outro lado, eu não me furtaria a aproveitar esta
oportunidade para rever o Bessa, o Ângelo; para lamentar a ausência do
Petrucco, do Sadi; para perguntar sobre a saúde do velho Santiago e para
confraternizar com o João Klee, grande tricolor, com o Ernesto, com o Santana,
com o João Anibaldo, e, fundamentalmente, com o Tonico e com a Sandra. Já são
inúmeras as oportunidades em que convivemos juntos, desde aquele momento em
que, assessorado pelo Arildo e pelo João Francisco Vieira, eu tive a feliz
inspiração de propor o Projeto de Lei a que já se referiu o Ver. Ervino Besson,
que dá o devido realce e importância para esse alimento que nós, católicos,
pedimos a Deus, sob bênção, todos os dias, quando solicitamos que “nos dê hoje
o pão nosso de cada dia”. Este alimento milenar do homem, Ver.ª Maria Celeste,
não é mais feito daquela forma artesanal que V. Ex.ª, historicamente,
relembrou, hoje produzido de forma industrial, numa atividade que, por muito
tempo, não foi devidamente considerada, dizendo-se, inclusive, que era coisa
por que só português e italiano se interessavam. Hoje, há necessidade inclusive
de que o avanço da tecnologia receba alguns mecanismos de controle, para que os
grandes desbravadores do segmento empresarial não acabem soçobrando diante das
poderosas máquinas que a indústria da panificação enseja, com a produção em
massa, por redundância, desse alimento sob as mais diversas formas que surgem
no mercado, numa forma mais do que competitiva, com uma competição às vezes até
perversa, dado que estruturados em estruturas econômicas que são capazes,
muitas vezes, pela prática ilegal do dumping,
de gerar situações que dificultam a realização da atividade empresarial de
cada um dos senhores e senhoras envolvidos com esse segmento de Porto Alegre,
que hoje nos dão a honra da presença. De qualquer sorte, é preciso que se saiba
que, no que diz respeito à Câmara Municipal de Porto Alegre, a categoria se
encontra muito bem representada na figura do proponente desta nossa Sessão
Solene, o Ver. Ervino Besson, que vive, plenamente, na alma, a intensidade da
atividade que todos os senhores e senhoras realizam, que, vivendo e vivenciando
essa atividade de corpo e alma, não se desliga dela nos momentos em que exerce,
com muito brilhantismo, a sua representação popular nesta Casa. Com essa
garantia e com essa convicção, com a presença altamente honrosa para todos nós
de ilustres Lideranças da Casa, como o Ver. Isaac Ainhorn, os líderes que já se
manifestaram, o Presidente ocasional dos trabalhos, Ver. João Carlos Nedel,
isso nos dá certeza de poder transferir à categoria dos panificadores, ao
Arildo e, por meio dele, a todos os integrantes da categoria, que nesta Casa os
panificadores, os padeiros, aqueles que cuidam do pão nosso de cada dia, serão
sempre muito bem-vindos, porque nós, de coração, reconhecemos a importância do
seu trabalho e porque, no fundo, no fundo, todos nós tivemos, desde muito
pequenos, a consciência da importância dessa atividade, eu, certamente, lá em
Quaraí, correndo atrás da padaria daqueles que produziam o pão quase que
artesanal naquela época; os outros Vereadores, na padaria da esquina ou em qualquer
ponto onde todos nós vamos buscar, diariamente, aquele que é o alimento sobre o
qual nos fala a reza católica e que nos diz da sua relevância e da sua
importância.
Para
que todos nós possamos, com tranqüilidade, ganhar, honestamente, o pão nosso de
cada dia é preciso compreender que alguém tem de produzir esse alimento, que
são aqueles que hoje estão sendo homenageados. Pelo amor, pela fraternidade,
pelo entusiasmo, pela forma desassombrada com que todos vocês se dedicam, eu,
pessoalmente, como integrante da Bancada do Partido da Frente Liberal,
liderada, nesta Casa, pelo Ver. Luiz Braz, que pede que eu faça dele as minhas
palavras, nós, liberais, gostamos de saudar as pessoas que, pelo trabalho, pela
dedicação e pelo empenho se impõem dentro da sociedade. Na Casa, hoje, nós
recebemos, das pessoas aqui mencionadas e daquelas outras das quais a lembrança
não nos afasta, dos “adãozinhos” da vida, que, há tempos, numa carrocinha,
distribuíam o pão pela cidade de Porto Alegre, esses exemplos em que nós vemos
a valorização da capacidade do trabalho daqueles que, com dedicação, repito, se
jogam nessa função e, por isso, colhem os seus resultados. A digna classe dos
padeiros de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul, eu, de coração e em nome do
meu Partido, homenageio neste dia, dizendo: Vamos em frente, que nós não nos
vamos privar de, ano após ano, confraternizar com vocês, vitoriosos na luta do
cotidiano e que nos garantem, dia após dia, o pão nosso de cada dia. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Registramos a presença, além dos
Vereadores que usaram da palavra, do ilustre Ver. Isaac Ainhorn, Líder da
Bancada do PDT. Tenho a honra de passar a presidência dos trabalhos ao Ver.
Ervino Besson em virtude de que desejo me pronunciar e logo após me dirigir a
um outro compromisso.
O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra, em nome da Bancada do PPB.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) O pão é o alimento universal. A
Sagrada Escritura, no Livro do Gênesis, faz a primeira referência ao pão quando
o Senhor diz ao homem: “Comerás o pão com o suor do teu rosto.” Tinha aí um
duplo significado essa determinação. Impunha ao homem o dever do trabalho e lhe
dava a primeira indicação de como poderia vir a redimir-se do seu pecado. Pelo
trabalho haveria de obter o pão, o seu sustento material e assim conservaria a
vida. E pela penitência receberia o pão espiritual que lhe propiciaria a
redenção eterna. No Novo Testamento, é o próprio Cristo que destaca a
importância do pão para o homem ao se dar a representação de “Pão da Vida” e
sob a forma de pão se fazendo presente na Eucaristia, diariamente, em todo o
mundo, durante a Santa Missa. Já na história da humanidade, o pão tem sido mais
do que uma metáfora, o alimento fundamental para a sobrevivência do homem.
Nos dias atuais é inimaginável falar no pão, nos homens e
mulheres que trabalham para que o tenhamos na nossa mesa ou no lavrador que
cultiva o cereal sem pensar em justiça, fraternidade, em solidariedade. É
impossível falar no pão sem lembrar da fome que assola quase três bilhões de
pessoas no mundo inteiro. Apesar do direito à alimentação ser um dos princípios
proclamados pela Declaração Universal dos Direitos do Homem e também da OMS
informar que bastariam apenas 300g de pão diário para cada indivíduo para que
resolvêssemos boa parte da fome no mundo.
Falar do pão como alimento físico e espiritual é
relativamente fácil, mas seria uma falta imperdoável falar do pão sem falar
daqueles que o produzem. Poucas pessoas sabem que só no Estado do Rio Grande do
Sul, Ver. Ervino Besson, há mais de cinco mil padarias espalhadas pelos nossos
Municípios do Estado para atender a uma população de quase onze milhões de
pessoas. Muito poucas pessoas dão o verdadeiro valor a essa plêiade de homens e
mulheres que, contra todas as adversidades conjunturais e estruturais,
trabalham diuturnamente, sem falhar um dia sequer para que o principal alimento
da família chegue à mesa de todos nós.
A título de curiosidade, vou apresentar alguns dados
estatísticos que podem dar uma visão interessante da qualificação e dos
problemas do sistema de produção e fornecimento de pão no Brasil. Trinta e oito
vírgula três por cento dos proprietários e sócios de padarias têm colegial
completo e 17,6% concluíram a universidade ou fizeram um curso de
pós-graduação; 71% das padarias brasileiras estão instaladas em um imóvel
alugado e apenas 28,4% estão instaladas em um prédio próprio.Os sócios também
põem a mão na massa. As padarias brasileiras contam, em média, com 2,3 sócios
que trabalham diretamente no estabelecimento. A região Sudeste é a que mais
emprega com uma média de seis balconistas por padaria; um vírgula nove caixas;
dois padeiros; um vírgula sete forneiro, e um vírgula três confeiteiro. Cada
padaria brasileira recebe, em média, seiscentas e cinqüena e sete pessoas por
dia útil (de 2.ª a 6.ª feira). Nos sábados, domingos e feriados, essa média
sobe um pouco mais e vai a seiscentos e sessenta e três clientes/dia.
Entre as principais deficiências do setor de panificação
apontadas pelos entrevistados, a concorrência com os supermercados foi eleita a
mais importante.
Entre os custos listados pelos panificadores, a mão-de-obra
e os encargos sociais representam a parcela mais significativa: 40,6%.
Noventa
por cento das padarias utilizam farinha especial.
Esses são alguns aspectos desse ramo da economia que muito
contribui com a família porto-alegrense.
Em
nome da minha Bancada, do Partido Progressista Brasileiro, que tenho a honra de
compor nesta Casa juntamente com os Vereadores Pedro Américo Leal, João Antonio
Dib e Beto Moesch, e ainda, meu caro amigo Ervino Besson, em nome de Hugo
Mardini, quero cumprimentar a todos os panificadores, cumprimentar
especialmente o Ver. Ervino Besson pela brilhante iniciativa dessa homenagem.
No
momento em que a Igreja Católica promove um mutirão para diminuir a fome no
Brasil, elogiamos essa campanha de Dar Pão a Quem Tem Fome. Parabéns
panificadores, parabéns pelo seu Sindicato e os nossos votos de que continuem
contribuindo fortemente para a diminuição da fome no mundo. Parabéns. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Recebemos do Deputado Ciro Simoni,
impossibilitado de comparecer a esta Sessão em virtude de uma reunião com os
pescadores, no Litoral, um abraço muito fraterno ao Presidente do Sindicato
Arildo Benech de Oliveira e a todos os panificadores do Estado do Rio Grande do
Sul. Muito obrigado, Deputado Ciro Simoni. O Sr. Arildo Benech de Oliveira está
com a palavra.
O SR. ARILDO BENNECH DE OLIVEIRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu poderia falar sobre muitas
coisas no dia de hoje, poderia falar sobre economia, setor de panificação,
poderia falar da história do pão, poderia falar dos milagres que aconteceram em
relação aos pães, enfim, haveria motivos para falar dos mais diversos assuntos.
Impressiona-me muito na Câmara, Sr. Presidente, o conhecimento que os Srs.
Vereadores têm sobre a nossa categoria e sobre os panificadores de todo o
Brasil. Falar sobre os milagres que aconteceram com os pães, a Ver.ª Maria
Celeste deu uma aula de religião; falar sobre a economia, as padarias de todo o
Brasil, o Ver. João Carlos Nedel acabou de nos dar uma aula de pós-graduação em
padarias; falar sobre equipe do Sindicato, por que nós alcançamos tantos
objetivos nos últimos anos, o Ver. Reginaldo Pujol veio aqui e fez os destaques
merecidos. Resta-me falar o quê?
Um
dia muito importante para mim, hoje, dia 27 de junho, a minha empresa Panifício
Superpan comemora os seus trinta e quatro anos de existência. Eu me lembro
quando, há exatos quarenta e cinco anos, meu pai comprava a primeira padaria e
nós passávamos a nos dedicar ao setor de panificação. Eu fui crescendo e
apreendendo, fui tendo uma visão do que eu entendia que era uma falta muito
grave da sociedade, que era o não-reconhecimento do setor de panificação pela
sociedade e pela sua importância econômica. Em Porto Alegre, nós temos mais de
mil padarias gerando mais de dez mil empregos diretos. Isso fez com que eu
almejasse o sonho de um dia chegar à presidência desse Sindicato. Graças aos
ensinamentos recebidos pelo saudoso Egberto, aqui representado pelo João
Antônio, por um dos meus mestres que hoje não se faz presente, João Maia
Santiago, pelo meu irmão, que já nos deixou e, principalmente, pelo meu pai,
que tanto me ensinou. Eu entendia que nós devíamos buscar a devida valorização
do panificador, da classe, e que o nosso Sindicato fosse reconhecido. Formamos
uma diretoria há exatos seis anos e começamos a trabalhar. Fomos conquistando,
passo a passo, os nossos objetivos; chegamos à Vice-Presidência da ABIP, que é
a nossa entidade nacional. Formamos hoje um grupo na FIERGS muito bem
representado; chegamos à tesouraria da nossa Federação das Indústrias; chegamos
à presidência do Conselho Consultivo do SESI do Rio Grande do Sul, e temos
aqui, pelo segundo ano consecutivo, o reconhecimento e a homenagem dos Srs.
Vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre. Para isso, percorremos, e
estamos percorrendo, um caminho muito árduo.
Poderíamos
falar de vários milagres. Eu diria que hoje, certamente, cada panificador que
tem o seu negócio realiza um milagre todos os dias, que é o milagre da
sobrevivência. Com tantos problemas, com tantas crises, com tantas
dificuldades, com o dólar a 2,88, com a importação – como falou o Ver. Cassiá
Carpes – de 80% do nosso produto básico, nós realizamos todos os dias um milagre:
o milagre da sobrevivência.
Mas,
na minha vida, nunca gostei de falar em crise. Acho que a crise é momento da
gente crescer. E nós criamos na ABIP e no SINDIPAN um programa: Propan. Este
programa, realizado por muitas padarias aqui no Rio Grande do Sul, tem sido um
sucesso. São mais de mil padarias hoje em todo o Brasil, e muitas estão
sobrevivendo graças a este programa que hoje é - eu diria - a salvação das
padarias. Numa pesquisa realizada pela nossa entidade nacional, o preço do pão
ficou em quinto lugar; antes, o consumidor deseja: qualidade, higiene,
atendimento, diversificação de produtos nas padarias. Então, em cima disso,
traçamos esse plano que se chama Propan. A partir daí temos um grupo de elite
aqui no Rio Grande do Sul que tem levado o seu exemplo aos mais longíquos
municípios do Estado. É com base nisso que, neste momento, quero fazer uma
homenagem à Piratini Pães e Doces, onde, há oito anos, as irmãs Elizabeth e
Silvane resolveram abraçar a causa da panificação. Como um exemplo de sucesso
gostaria, neste momento, de oferecer a elas o prêmio de Panificadoras do Ano,
aqui em Porto Alegre, escolhidas por nossos fornecedores.
Solicito
que a Silvane e a Elizabeth recebam o prêmio. (Palmas.)
(O
Sr. Arildo Benech de Oliveira procede à entrega do prêmio.)
Sr.
Presidente Ervino Besson, a amizade que nos une, e o carinho que temos por sua
figura, como pessoa, como ser humano, nos permite, neste momento, lhe agradecer
profundamente, e dizer que todos os panificadores do Rio Grande do Sul, e
principalmente os de Porto Alegre, são muito gratos por sua lembrança.
Certamente, o senhor não esqueceu as suas origens, as suas madrugadas, todo o
seu tempo vivido na panificação. Que Deus o abençoe e que lhe dê muito tempo de
vida, para que possamos, juntos, comemorar o dia 8 de julho. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Muito obrigado Presidente Arildo Benech
de Oliveira.
Convidamos
todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-grandense.
(Ouve-se
o Hino Rio-grandense.)
Antes
de encerrar esta Sessão, quero dizer que, ao longo da minha vida, nos meus
cinqüenta anos, eu tive uma convivência com esta categoria dos panificadores de
nossa Cidade. Eu tenho um carinho tão grande, tão especial para com os
panificadores que, todos os dias, na minha reza, eu coloco o meu pensamento a
cada um deles, aqueles que continuam e outros que entram na profissão, porque é
uma profissão que a gente conhece muito bem; a gente sabe dos sacrifícios e das
lutas desta categoria.
Portanto,
meu caro presidente, é com muito carinho que eu digo isto: sinto um orgulho
extremamente elevado em estar nesta Casa e poder aqui representá-los. Mais uma
vez, quero desejar a vocês, panificadores, muito sucesso, muita paz, juntamente
com os seus familiares, porque a família se envolve conosco no dia-a-dia.
Vejam, portanto, como a família panificadora é praticamente só uma família.
Hoje
faz trinta e quatro anos da Superpan. Vida longa, meu caro presidente! Muito
sucesso, muita paz e saúde!
Ao
encerrar esta Sessão, agradecemos a presença de todos, e, por oferecimento do
Sindicato, convidamos os presentes para um coquetel. Muito obrigado.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 20h45min.)
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